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MAGDA MAYA

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Magda Helena Maya

Dra. em Desenvolvimento e Meio Ambiente 

Escritora | Palestrante | Educadora |
Divulgadora Científica | Creator Linkedin

Fundadora da Escola de Sustentabilidade 4.0

 

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Sustentabilidade: um substantivo feminino

Ultimamente tenho pensado muito sobre esse substantivo feminino e minha intuição me diz que toda essa busca pela emancipação e valorização da mulher perante a sociedade é também, dentre muitas outras coisas, uma adaptação da própria natureza em benefício da VIDA.


Antes de aprofundar, quero deixar claro que não há nesse texto qualquer intenção de dizer que há superioridade de qualquer gênero.





É fato que chegamos a uma situação planetária insustentável para nossa própria vivência e também é fato que temos hoje muito mais incertezas sobre nosso futuro do que poderíamos imaginar há alguns anos.


Também é fato que historicamente o mundo e seus atuais modelos sociais, econômicos, mercadológicos, etc - insustentáveis, diga-se de passagem - têm sido construídos/designados majoritariamente pelos homens.


Diante disso podemos inferir que um caminho possível e NECESSÁRIO parece ser o de começar a ouvir as vozes daquelas cujas ideias foram ignoradas ou até usurpadas durante toda a história da humanidade.


Ou seja, em matéria de SUSTENTABILIDADE, precisamos de um novo ponto de vista: o ponto de vista feminino!


A natureza (esse tal substantivo feminino) nos dá verdadeiras lições sobre equilíbrio, adaptação, resiliência e principalmente sobre sustentabilidade da vida. Então porque não começarmos resgatando o EQUILÍBRIO de ideias e pensamentos entre homens e mulheres?


A boa notícia é que tenho percebido uma presença cada vez mais destacada de mulheres em minhas palestras e nos cursos de pós-graduação da área ambiental nos quais ministro aulas.


Isso me faz pensar em alguns questionamentos: Será isso um indicativo da mãe natureza? Será que a natureza está contando com as mulheres para resgatarem o respeito à vida e a sustentabilidade?


Será que finalmente a sensibilidade, intuição e prudência feminina prevalecerão diante dos perigos e incertezas causados pela conduta humana insustentável até aqui?

E quanto a nós, mulheres, será que teremos a astúcia e o poder necessários para ressignificar o discurso economicista que a maioria dos homens tanto apreciam e valorizam, trazendo uma linguagem mais voltada para o amor e ao respeito à vida? Ou cairemos no erro de reproduzir modelos, pensamentos e modos de vida insustentáveis?


Sobre isso, gosto sempre de citar Alier em seu livro chamado O Ecologismo dos Pobres, no seguinte trecho:

“Quem detém o poder de impor a linguagem econômica como discurso supremo de uma discussão de cunho ambiental? Quem possui capacidade para simplificar a complexidade, desqualificando outros pontos de vista?”

Pois é... quem?


Vejam bem... conheço alguns excelentes profissionais do sexo masculino na área ambiental. Eles são altamente qualificados, mas de fato em seus discursos e práticas há sempre uma preocupação em mencionar de alguma forma que a sustentabilidade também é um bom negócio!


E de fato é! Mas não é exatamente disso que o mundo está precisando nesse momento!


Precisamos de discursos e práticas mais amorosas, calorosas, apaixonadas e viscerais. Discursos e exemplos práticos que sejam capazes de motivar as pessoas para alguma ação efetiva. Precisamos incomodar, cutucar, inquietar, tirar as pessoas do piloto automático.


Precisamos também resgatar a ideia de natureza como MÃE, como mantenedora de nossas vidas e também como mentora para uma verdadeira sustentabilidade.


Assumir, enfim, que a natureza é feminina e também que a natureza feminina (essa que cuida, que zela e que tem um grande senso de autopreservação) pode nos ensinar muito sobre sustentabilidade.


Será então a hora e a vez do Ecofeminismo?


Pretendo falar um pouco mais sobre esse tema em outros textos. Por hora vou deixando apenas um trecho do meu livro Sustentabilidade 4.0 para quem quiser iniciar algum ponto de reflexão:


Talvez você não saiba, mas existe uma completa e indissociável relação entre mulheres e natureza, que afeta inclusive seus ciclos menstruais em função das fases lunares.
No campo comunitário, as mulheres têm reagido a todo e qualquer risco de escassez ou contaminação da água, do ar e do solo, ou seja, a toda situação que ameace a sobrevivência de suas famílias. Isso pode ser explicando não apenas pelo senso de autopreservação, quanto por uma consciência mais holística e sistêmica que tende a levar as mulheres a um comportamento de coesão e solidariedade comunitária.
Extrapolando o campo comunitário em si, economistas ecofeministas como Warring (1998), Mellor (1997) e Pietila (1997) concordam e assinalam que “na contabilidade macroeconômica das economias industrializadas de mercado, a destruição dos recursos naturais é contada como produção, enquanto a reprodução ambiental e social não é contabilizada”. Isso demonstra uma clara distinção entre as visões masculinas (que tendem a linearidade) e a feminina (que tendem ao holístico e sistêmico) e conforme já mencionado em outro tópico, é a junção destas duas visões que irá nos propiciar um mínimo de segurança ambiental, capacidade de adaptação e resiliência a tudo o que é incerto e está por vir.
Vale ressaltar que existem ressalvas e outras terminologias para o ecofeminismo e que todas as conjecturas a respeito dos comportamentos e formas de pensamento masculinos ou femininos não devem ser vistos de maneira determinística, embora precisem ser consideradas.
Concluo esse tema com as palavras de Agarwal que afirma que “basicamente, para transformar a relação entre homens e mulheres, e entre os humanos e a natureza, precisamos fortalecer a posição negociadora das mulheres diante dos homens, e daqueles que se postam na proteção ao meio ambiente diante dos que causam sua destruição”.

Aqui entre nós, eu que já tive algumas experiências em grupos predominantemente masculinos de planejamento e gestão de cidades e até de Estado, preciso concordar que sempre preciso despender uma energia dobrada para ser ouvida, além do que somente algumas ideias são consideradas enquanto outras são ignoradas devido a diferença de visão linear e sistêmica sobre a natureza, sobre a sustentabilidade e sobre a vida.


Imaginem se eu pudesse guardar essa energia para aplicar em novas teorias, novos livros, novos processos e novas ações em função de um mundo melhor?

Sigamos!!!!



Os trechos destacados são do livro:


MAYA, M. H. Sustentabilidade 4.0 - O novo mindset do Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro: Editora Vermelho-Marinho, 2019.

Disponível para compras em www.magdamaya.com.br/livrosustentabilidade


Demais autores citados:


AGARWAL, B. (1998) citada por ALIER, J. M. O Ecologismo dos Pobres. p. 284.


ALIER, J. M. O Ecologismo dos Pobres. p. 284.



Aquela informação que só tem quem lê até o final:

Escolhi uma tartaruga como imagem para esse post pelo fato de simbolizar a Mãe Divina, reconhecidamente nossa Mãe Natureza.


Maya, M. H.

Geógrafa e Dra. em Desenvolvimento e Meio Ambiente

@maya.ambiental





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